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Imbróglios televisivos

 Imbróglios televisivos
12.10.24
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 Imbróglios televisivos

por
Joaquim Alexandre Rodrigues

1. O ministro que tutela a comunicação social quer pôr fim à publicidade na RTP: 21,7 milhões de euros em 2023. Pedro Duarte pretende uma televisão pública concentrada no serviço público, vivendo em exclusivo da contribuição audiovisual que pagamos todos os meses nas contas da electricidade: 190,1 milhões de euros em 2023.
A ideia é boa e também já a defendo há muito tempo. Por exemplo, nestes termos, no Olho de Gato de 7 de Setembro de 2012: “O tempo da televisão do avô cantigas já acabou. Há que pôr a RTP a viver exclusivamente da taxa e sem publicidade.”
Mas não será fácil o ministro conseguir uma RTP desobrigada da luta pelas audiências. É que, mal foi conhecida a sua intenção, todos os partidos vieram criticar a ideia. Todos sem excepção ainda vivem no tempo da televisão do avô cantigas.  

2. Luís Montenegro criticou os jornalistas: que alguém lhes está a “soprar” as perguntas nos auriculares; que as questões que põem já vêm escritas em cábulas nos telemóveis.
Um amigo, no Facebook, sintetizou o que está em causa: mais do que do jornalismo, “o dr. Montenegro gosta de jazzalismo”. Isto é, “gosta de perguntas de improviso e no momento, e renega para a mediocridade qualquer registo ou ‘sopro’ em nome dum suposto guião”. 
Tendo o concordar. O dr. Montenegro gosta de fugir aos guiões. Prefere o improviso. Só que, nesta jam session, o primeiro-ministro teve défice de groove, atrapalhou-se com o tom, perdeu o beat. Pôs-se a malhar nos mensageiros. É capaz de não ter sido bom para ele.

3. Mas pior, muito pior, foi o que aconteceu, na terça-feira, ao “licenciado” Gustavo Macalpin, do canal 66 da televisão mexicana. 
Numa sátira política, o homem pôs-se a falar mal do marido da governadora de Baja California, que é do partido Morena de López Obrador (ex-presidente da república) e de Claudia Sheinbaum (a nova PR que tomou posse no início do mês). Resultado: o director do canal, o “licenciado” Luis Arnoldo Cabada, adentrou no estúdio e, em directo, despediu o Gustavo.
Tudo se consumou em 1’23’’. Perante as câmaras, nem o patrão nem o empregado perderam a compostura ou os títulos académicos. A cena pode ser apreciada no YouTube. 

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