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Viseu e León – Os novos gémeos

 Viseu e León – Os novos gémeos - Jornal do Centro
20.04.24
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 Viseu e León – Os novos gémeos - Jornal do Centro

A história é uma ciência que nos ajuda a levar o passado a sério para podermos entender o presente. Não esquecer alimenta o nosso conhecimento, a memória dos povos, lugares e também da nossa cidade. A geminação das cidades de León e Viseu no último sábado é um ato cultural com significado e que marcará certamente o ano de 2024. Foi o religar com um passado de vários episódios, onde aconteceram ligações anteriores á nossa nacionalidade. Mas bastaria lembrar o famoso e lendário rei Ramiro II de Leão, que no Séc. X fez de Viseu a Capital do Portucale. A minha curiosidade por este novo irmão levou-me para uma outra via e a dar um salto para 100 anos depois de Ramiro II. Aí encontrei Afonso IX de Leão! Porquê este Afonso, o que fez de tão importante e o que tem a ver com Viseu?
Afonso IX é neto de um Homem de Viseu, um outro Afonso, Afonso Henriques. Neto por via da mãe D. Urraca. Foi rei com 17 anos! O seu nome está ligado ao primeiro ato da Democracia Representativa, a mesma que temos hoje, mas que acontece em 1188 quando ele tinha 19 anos. A data da democracia tem sido considerada no Séc. V a.C. em Atenas. Outras datas e lugares tem surgido, sendo que a mais antiga aponta para 3200 a.C. nas cidades da Mesopotâmia. Mas a data da Democracia Representativa não oferece dúvidas! A Unesco considera as Cortes de Leão de 1188 o mais antigo testemunho do Sistema Parlamentar europeu. A Magna Carta, que os ingleses dizem ter sido o primeiro sinal dessa democracia e a maior dádiva do povo inglês á civilização do Mundo aconteceu apenas em 1215. Em Portugal vai ocorrer com Afonso III nas Cortes de Leiria de 1254. Afonso IX, esse neto de Viseu, surpreendeu o seu próprio povo de León!
Esta Democracia Representativa nasce de um movimento de príncipes cristãos, que depois da queda de Jerusalém e das lutas com o Islão receiam a queda da cristandade. Nasce num contexto de medo que o cristianismo pudesse desaparecer. O insuspeito Nietzsche havia de dizer no Séc. XIX que este movimento democrático é herdeiro do movimento cristão. Foi Afonso IX que primeiro reagiu a este avanço do Islão. Tinha 19 anos, precisava de dinheiro para a guerra e impôs tributos aos seus súbditos (clero, nobreza e cidadãos-abastados). Ao pedir isso pensou imediatamente que essa tributação merecia representação, que quem paga ao reino deve receber poder. Tinha perfeita consciência que estava a dar parte do seu poder, a perder poderes régios e a criar novos compromissos políticos. Foi assim e por isso que nasceu o Primeiro Parlamento de Representantes e que juntou clero, nobreza e povo. Reuniu-se pela primeira vez na Primavera de 1188 na Basílica de Santo Isidoro. Não se pense que essa primeira reunião e muitas das seguintes foi de bajuladores que se rendiam á vontade do seu rei. Essas reuniões nem sempre foram pacíficas e muitas vezes entraram os punhos e as espadas.
A geminação de León e Viseu é assim uma espécie de abraço que foi adiado e dado agora em nome do neto de Afonso Henriques, de quem foi afastado desde muito cedo. Um abraço entre a cidade do seu avô, o homem que fez nascer Portugal e o rei e cidade que fez nascer a Democracia Representativa! Por tudo isto devemos estar orgulhosos por este irmão renascido, gente e lugar juntam-se agora como gémeos. Para Viseu é um momento de memória com muito significado! Mas esse passado deve fazer-nos pensar no estado atual da democracia representativa e nas diferentes ameaças que sofre! O passado ajuda-nos a entender o presente, mas esses ensinamentos devem servir para fazer acontecer alguma coisa no futuro. Por isso a democracia representativa e os dois Afonsos são um bom tema para explorar.
Quer Espanha e Portugal sabem que a democracia não é uma dádiva divina. Isso só aconteceu na Grécia Antiga, que tinha uma deusa que recusou casamento e maternidade por amor á democracia. Sabemos que teve muitos revezes desde que nasceu e em tempos relativamente recentes: Em 1931 havia uma dúzia de democracias; em 1958, 1/3 das 32 democracias viraram ditaduras; em 1970 as ditaduras militares tinham triplicado. Hoje conhecemos bem qual é o panorama e as ameaças! Quase nunca conseguimos chegar á essência da democracia, por isso é preciso levar o passado a sério e a lição de Afonso IX é para explorar. Ele continua a ter razão, aqueles que pagam tributos devem ter poder efetivo nos estados, porque a democracia não se esgota nas eleições, nem nas cortes!
O passado não é para esquecer e a abertura das ideias na democracia sempre provocaram grandes desafios á comunicação humana e á vida em sociedade. Na Democracia de Assembleia era a palavra falada que dominava; na Representativa chegou a cultura impressa, jornais e depois as rádios e televisão! Mas um desafio maior planta-se no presente com as tecnologias digitais, a inteligência artificial, a manipulação dos algoritmos, outras manipulações e onde nada parece verdade, nem protegido. É preciso levar o presente a sério!
Deixo para o fim a vida amorosa de Afonso IX, porque ela também tem a ver com Viseu. Nessa vida há duas mulheres, dois casamentos. O primeiro é com Tereza Sanches, filha de D. Sancho I, neta de Afonso Henriques, esse nosso filho de Viseu. Acabou anulado pelo Papa! O segundo casamento, também anulado é com Leonor Plantageneta, uma irmã de Ricardo Coração de Leão e filha da maior e mais poderosa mulher da Europa, a quem chamaram mesmo de Avó da Europa. Era Leonor da Aquitânia, também com dois casamentos e duas vezes rainha, em França e Inglaterra. Foi a matriarca da dinastia inglesa que nos havia de dar Filipa de Lencastre, a mãe do Infante D. Henrique, primeiro Duque de Viseu e de D. Duarte que aqui nasceu…

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