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Desvalorizo cada vez mais o tipo de convívio em que se fuma, se bebe e se tagarela. Apelidam-me de velho, mas duvido que a juventude se deva avaliar por este tipo de deletérios exercícios. Eles não sabem que o sonho é que comanda a vida, como diz o poeta. Eles não sabem dos meus sonhos.
Às vezes ando com a cabeça a explodir de projetos. Quase sufoco. São como que instantâneos de inspiração. E transmito-os à Fátima em páginas cheias de febre. As suas respostas têm o condão de me tranquilizar por uns tempos. Vivo cada vez mais projetado para a próxima viagem a Berna.
As aulas acabaram. Que alívio! Preciso descansar do trabalho, das pessoas, da rotina. Preciso reduzir a ansiedade. Há como que um filme de imagens e expetativas sempre a rodar no meu cérebro. Ando sempre em busca de alguma coisa, não sei o quê, de um milagre, da felicidade. Como se me faltasse algo. Não sei bem o quê. Daí a ansiedade que ponho no próximo filme, no próximo disco, no próximo livro, como se fossem decisivos para a minha salvação. Mas depois tudo fica na mesma, com a insatisfação a martelar no espírito.
16 Julho 1983
Os meses que passei em Mourão não foram negativos. Lembrar-me-ei dos meus colegas Jaime, alentejano, o Luís, da Figueira da Foz, a Isabel, que acabou por namorar com um filho da terra, e da Emanuela, doce e misteriosa. Lembrar-me-ei da gente da vila, reservada mas boa. De todo aquele horizonte a perder de vista. As idas a Évora, a Monsaraz, à Granja, a Amareleja. Dos meus alunos, tão novinhos, e que tantas vezes desafiei a fazermos a aula na paisagem alentejana, no castelo, ou no campo, pedindo-lhes que escrevessem o que viam e o que sentiam. E dela, tão física, tão sensorial, com a alegria quase sempre à flor da pele, de quem renuncio escrever o nome neste Diário, para que o remorso não me morda a alma. E, no entanto, dela recordo a hora da despedida. De me dizer que tinha pena que me fosse embora, que se afeiçoara à minha maneira de ser, reservada, escrupulosa, mas amável e generosa. Guardaria na memória o modo como acontecera o nosso encontro na subida ao castelo. Agora, sempre que o olhasse, dificilmente se esquecerá de mim. Disse-lhe que não era uma despedida. Apenas um até breve. Mas foi a chorar que entrou no carro e desapareceu na linha do horizonte.
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Carolina Ramalho dos Santos
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Jorge Marques