Autor

Ricardo Bordalo

15 de 10 de 2021, 16:19

Colunistas

Ruas ainda é uma arma secreta… o seu bigode vale mais que todos os adversários

Quando se olha para Viseu de longe, vê-se o invólucro da cidade, já enxergar o conteúdo é menos óbvio

Nos mandatos de Almeida Henriques, o executivo camarário percebeu que tinha de dar mais visibilidade ao município, colocar o concelho nas plataformas mediáticas, dar visibilidade ao “nosso” Rossio no Rossio dos senhores de Lisboa, levá-lo a provar ao Terreiro do Paço, impô-lo nos Restauradores como acepipe, mostrá-lo como aperitivo na 24 de Julho, dá-lo a beber aos fidalgos da capital…

E, vai daí, investiu euros aos molhos em festinhas e festarolas, algumas delas pacóvias… com o resultado que se sabe… nada. Nem um bigodinho da capital se eriçou à conta das boas carnes de Viseu… (calma, que já lá vamos…)

Para dar visibilidade ao concelho de Viseu, que, ao contrário do que se pode depreender ao ouvir uns senhores, é um concelho de importância mediana no global nacional e com clara dificuldade em se afirmar, não basta cantar de galo.

Nem comboio tem!!! Ou tem? Tem…, mas isso são outros 500 dos quais os pequenos poderes de Viseu não podem abdicar porque ficariam sem mais nada a que se agarrar… e à universidade, também, claro…

Quando se olha para Viseu de longe, vê-se o invólucro da cidade, já enxergar o conteúdo é menos óbvio, mas pode-se melhor perceber algumas coisas.

Por exemplo, de longe vi a cidade mais exposta nos diversos media por causa do regresso de Fernando Ruas que nos últimos anos com os múltiplos “tintos no branco” do genial Sobrado e dos seus “ping´s” locais.

E nem sequer chamo à conversa o lado mais bem-humorado da coisa, como, por exemplo, todos terem ganhado cabelos brancos e uns quilos ao longo dos anos, quando o “dr Ruas” está ali, delgadinho que nem um pêro e nem um cabelinho branco se lhe vê… sequer um pêlo do farto bigode, facto que não passou desapercebido a esse plasma mediático.

Ou seja, o regresso de Ruas é uma aposta ganha em matéria de visibilidade que a cidade precisa. Bate de goleada o cartaz do ex-futuro ex-ex-futuro ex-candidato colocado lá na capital, onde estão os novos e velhos inteligentes de sempre.

O que pretende uma prosa desconchavada como esta? Simples, se não podemos batê-los com as paisagens, nem com a gastronomia, e muito menos com o comboio ou com a universidade, com a limpeza da cidade e das aldeias, com os monumentos, com o bom ar que se respira, nem com as duas auto-estradas que trespassam a cidade…

Se não podemos ir lá com a cultura que se produz em Viseu, com os nossos “ronaldos” de pé certeiro e dos que não acertam uma, se não se vai lá com o vinho que por cá se faz e que tarda a romper o hímen que o separa das grandes pomadas que se fazem por cá e além Vilar Formoso, se não se vai lá com a força brava das oito frentes da nossa Cava de Viriato, que a National Geographic Channel percebeu, mesmo olhando do alto, que é uma das maravilhas ainda na forma de interrogação exclamada e que… pois!

Se não chegam as nossas praias fluviais… os nossos rios, o Pavia das águas sonolentas, o Dão de leito dengoso… a fonte luminosa da Av. da Europa dos pequeninos, as ruas cinzentas do centro histórico desaproveitado, atafulhado de menus apalermados e caros e sítios de beber café e fino sem sentido ou mal sentado…

Então, vamos pensar seriamente em apostar em fórmulas vencedoras. Que as temos. Sim, isso, precisamente… o bigode de Fernando Ruas, sem um pelinho branco em cima dos seus robustos 72 invernos que lhe enrijaram os ossos e o olhar.

No cabelo silvestre e resoluto do personagem que encarna a figura rústica refinada do beirão como poucos, mesmo que poucos vejam os benefícios de tal estratégia…

E até as frases de suão, soltas e para todos os lados, que largou ao longo dos seus já longos anos de autarca, como “é corrê-los à pedrada…” valem mais que os discursos dos que o desafiam para duelos ao nascer do sol que sabem que vão perder porque ele já lá está… obriga sempre os adversários a ficar… contra o sol.

Se conseguiu pouco ou nada, ele e o seu sucessor do mesmo partido, além de uma cidade limpinha e ajardinada, sem emprego para oferecer, com mais ou menos festinha e festarola, mesmo que até a velha Feira Franca de São Mateus seja uma foleirada provinciana de fazer rir às gargalhadas… nada disso interessa.

E podem ter certeza de uma coisa… aquele bigode e aquele cabelo vão valer mais que os seus adversários até aos 90. Basta olhar-lhe para o porte… É que nem engordar o homem engorda… Vamos ter “dr. Ruas” por muito tempo! Habituem-se, porque ele já se habituou a isto tudo e muito mais.